domingo, fevereiro 13, 2011

CRIANÇAS E RELAÇÕES HUMANAS EM FOCO

Conversas corriqueiras sobre crianças, geralmente, trazem alguns assuntos mais comentados sobre os pequenos: o desempenho escolar, a agitação, a bagunça, os choros, as birras, a “desobediência”, a esperteza, a criatividade, a fantasia, a alegria e o carinho.

Uma informação óbvia, mas que pode nos levar a pensar: os bebês nascem “sabendo” de poucas coisas, por exemplo: respirar, sugar o seio da mãe, tossir. Isso nos leva a considerar que, todos os demais comportamentos que uma criança/adulto passa a apresentar ao longo da vida, são APRENDIDOS, de algum modo, na interação do sujeito com o mundo ele em que vive. Acrescento também outra questão: e como as crianças aprendem? Os estudiosos do comportamento humano apontam que a principal reflexão sobre o modo como as crianças aprendem um comportamento (escrever, falar, andar, pensar, sorrir, sentir) está no fato de que, as ações do ser humano produzem conseqüências que mudam o mundo e as demais pessoas, bem como alteram o comportamento da própria criança.

Vejamos alguns exemplos: nos primeiros meses de vida, um bebê chora devido a algumas condições do seu corpo (fisiológicas) ou do ambiente que estão lhe causando incômodos: fome, sede, dores, frio, calor, luminosidade, barulho. O choro produz conseqüências: a mãe lhe dá o leite ou a água, aquece mais o bebê em cobertas, abaixa-se do volume do som.  À medida que esse bebê vai se desenvolvendo, começa então a aprender que chorar pode produzir pra ele um alívio das condições que o incomodam, digamos que, no início, ele não tem consciência de como esse processo está ocorrendo.Ao passo que em essas conseqüências que se seguem ao chorar vão sendo cada vez mais efetivas em produzir algo de favorável para essa criança, o comportamento de “chorar”, passa a ter outras funções ou finalidades. Um exemplo é a criança que pode chorar ao querer manipular um objeto que não está ao seu alcance e em seguida ter esse objeto, a criança pode ainda chorar com a função de obter a interrupção da atividade escolar que não está sendo agradável para ela. Há algo a ser destacado: a criança não chora porque “quer” chorar. Ela aprendeu que fazendo isto, tem chances de obter algo ou de sair de uma condição aversiva.
Assim como o choro, vários outros comportamentos são aprendidos pela criança e se mantém porque produzem alguma conseqüência importante para ela. Isso implica em considerarmos que são nas RELAÇÕES que a criança estabelece (com os pais, irmãos, outros familiares, professores, amigos) que está centrado o foco da descrição (explicação) de seus aspectos comportamentais.

Visto isso, cabe pontuar que: 

1) Crianças podem não saber expressar os seus desejos, frustrações e sentimentos como nós adultos o fazemos, elas precisam APRENDER. 
2) Não é simples, por ex, uma criança aprender a ler. Esse comportamento envolve complexas relações neurológicas, do pensamento, da memória, da abstração; portanto, ela precisa APRENDER a ler do modo que lhe seja mais fácil e prazeroso. 
3) Esses aspectos aqui mencionados, implica em considerarmos que não existe uma natureza infantil que seja “briguenta”, “preguiçosa” ou “desorganizada”. O que existem são relações humanas e condições do ambiente em que a criança vive que possibilitaram ela aprender comportamentos inadequados ou adequados (não deixando de considerar que existe também uma influência dos aspectos biológicos sobre o comportamento humano, é o caso de crianças com necessidades especiais).

Convido o leitor a pensar sobre mudanças de posturas que violam os direitos infantis. Sinalizo assim, a necessidade de construção de relações familiares, escolares e comunitárias mais eficazes em promover o desenvolvimento físico, social, afetivo e a autonomia de crianças mais saudáveis e felizes, dentro das possibilidades e dos valores culturais de cada família inserida em uma dada sociedade.

Por: Hélida Luanna

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